NOVIDADES
TIMBALADA SÉC. XXI
Além de três novas vozes, a Timbalada retoma o movimento de bateria de rua, lança a Eletrotimba e implanta o Club du Timball
Foto: Estúdio Gato Louco
“A Timbalada do século XXI é transbordante”. Essa é a frase utilizada pelo cacique Carlinhos Brown para definir o novo momento desse poderoso movimento percussivo. Três novas vozes e 21 novas músicas são uma parte da novidade. Nessa virada artística, a Timbalada também ganha uma formação eletrônica, a Eletrotimba, e retoma a sua bateria de rua. Ao mesmo tempo, nasce o Club du Timball, uma associação percussiva que une fãs à banda e fomenta grupos de estudo de percussão.
No palco, quem agora coloca a voz para acompanhar os tambores são os talentosíssimos Buja Ferreira, Paula Sanffer e Rafa Chagas. É o retorno de três cantores na linha de frente, o que já aconteceu em outros momentos da banda.
Sob a regência de seu criador, a sonoridade da nova Timbalada afirma sua base percussiva inconfundível, agora acompanhada pela voz suave e poderosa de Paula Sanffer, pela personalidade irreverente do inquieto e talentoso cantor e compositor Rafa Chagas, e pelo talento, estilo e performance de peso do cantor e compositor Buja Ferreira.
“Eles têm uma aproximação tonal muito boa e compartilham uma sinergia também na alegria que juntos trazem para as músicas”, analisa o mestre Brown. “Além disso, andei por muito tempo sentindo uma falta enorme da presença de uma mulher na Timbalada, dessa suavidade típica do timbre feminino”, acrescenta.
O repertório da Timbalada do século XXI traz a marca do ineditismo, com músicas novas e, claro, espaço também para os deliciosos hits da banda. “Todos os sucessos um dia foram inéditos. Quem quer apenas ouvir os hits da Timbalada, é melhor tocar o CD, porque nós vamos experimentar o novo”, avisa Brown.
ELETROTIMBA – Como o momento é de novidades transbordantes, outra que chega com força é a Eletrotimba, que vem revelar a Timbalada e seu potencial de convergência lingüística, rítmica e contemporânea. Trata-se de uma formação que faz a percussão nascida na Bahia dialogar com a música eletrônica, tendo à frente o cantor dominicano Oscar Dominic. “A Bahia tem sido um motor de inspiração para o segmento da música eletrônica, mas vem mostrando poucos produtos em torno dessa linguagem. A Eletrotimba é a nossa resposta de acolhimento à música eletrônica”, diz Brown.
Ao tempo que propõe um novo produto musical, a Eletrotimba mostra a amplitude do movimento percussivo que é a Timbalada. “Nós não podemos estar apáticos diante da realidade de um mundo que avança. A Bahia precisa se expandir para se difundir. Sem o legado do merengue do dominicano Luis Kalaff, não teríamos o samba reggae nem a Timbalada. Eu, como percussionista que estou a serviço do axé music desde o seu ponto zero, compreendo que está na hora de juntarmos essas linguagens irmãs, não mais como um intercâmbio, e sim como uma fusão, daí a contribuição de Oscar Dominic, que é uma referência em merengue, bachata e reggaeton”.
BATERIA DE RUA – De tudo que é novo nesse momento, o único resgate de algo que nasceu no passado é a bateria de rua da Timbalada, que também ficou conhecida como Arrastão. Está de volta o movimento de criação de uma divisão de base da percussão baiana, o que, na prática, significa um laboratório que deve reunir mais de 200 percussionistas em torno da estética percussiva e da formação musical para a vida, envolvendo, sobretudo, jovens adolescentes interessados na música como ferramenta transformadora da realidade.
“Vamos abrir inscrições e fortalecer essa base, preparando percussionistas para nosso Carnaval, festas de largo e para o mundo, como aconteceu com muitos que fizeram parte da nossa bateria no passado e que depois foram integrar bandas de grandes músicos consagrados no Brasil e fora dele”, comenta o regente da bateria de rua da Timbalada do Século XXI, Jair Rezende.
Brown reforça que cada um dos 200 percussionistas iniciados deve ser responsável por um iniciante. “A informação precisa ser passada”, defende.
CLUB DU TIMBALL – O Club do Timball é um projeto voltado a aproximar os admiradores da Timbalada, da axé music e da música popular brasileira. A ideia é dar voz ao timbaleiro apaixonado para que ele se torne participante desse movimento musical e social que é a Timbalada.
Outra vertente do Club é a formação grupos de estudos percussivos. “Retomaremos as escolas técnicas percussivas de base para garantir a manutenção dos toques e cantigas do candomblé nas linguagens banto, ijexá, mahi e jeje-nagô, e para efetivar a nossa relação com esse timbaleiro apaixonado, lembrando que o verdadeiro timbaleiro não é aquele que apenas se pinta para dançar e cantar com a banda. O timbaleiro é, acima de tudo, um voluntário social”.
Para participar do Club du Timball, basta ser fã, percussionista ou simplesmente simpatizante da causa da Timbalada. Os sócios portarão uma carteirinha que dará acesso a benefícios, pontos e vantagens. O objetivo, acima de tudo, é construir o maior clube de pessoas que são apaixonadas pela música como agente de transformação.
NOVOS VOCALISTAS
Buja Ferreira – Cantor, percussionista, compositor e cozinheiro, Buja Ferreira, 32 anos, teve sua primeira banda, Me Beija, aos 14 anos ainda na escola. Seu primeiro instrumento, o pandeiro, ele aprendeu a tocar aos 12 anos para acompanhar os pais seresteiros na noite do bairro do Beiru (Tancredo Neves), onde nasceu e mora. Chegou a formar outras bandas, como Clima Total e Ejafras, até que decidiu investir no seu talento de compositor e oferecer a música A Pipa a um amigo músico. Mas o amigo sugeriu que ele mesmo cantasse e, para experimentar, fizesse um vídeo e jogasse na net. Assim nasceu a banda n@net, que projetou Buja como cantor e compositor. Hoje ele tem músicas gravadas por Tony Sales, Léo Santana e Márcio Victor e assina também canções que estão no repertório novo da Timbalada. Uma delas é Amendoada, que traz nome da deliciosa iguaria que também vem contribuindo para sua popularidade. É uma feijoada feita com amendoim no lugar do feijão. Quem já provou aprovou.
Paula Sanffer – A Timbalada é o segundo projeto de Paula tendo Carlinhos Brown como mentor. No último verão, Paula esteve à frente da Mukindala ao lado de Rafa Chagas e Gato Preto e mostrou a força da sua voz, que une suavidade e muita personalidade. Finalista do The Voice Brasil no time de Brown, a baiana de Feira de Santana, 38, começou a cantar quando tinha sete anos. Autodidata, Paula toca teclado, bateria e violão – este último com mais afinco, dada às inúmeras apresentações que a artista realizou em bares e em festas particulares com o instrumento durante a sua carreira solo. Na bagagem, também experiência como backing vocal do cantor Tayrone e a gravação de dois álbuns gospel.
Rafa Chagas – O baiano Rafa Chagas tem 22 anos, mas uma experiência de palco que explica a sua notável performance mesmo ainda tão jovem. Com um talento que sempre chamou a atenção de Carlinhos Brown, assumiu os vocais e fez bonito à frente da Mukindala no último verão. Morador do Acupe de Brotas, em Salvador, o cantor começou sua trajetória artística ainda na infância com a banda Yeba Beats, dirigida pelo tio MagaryLord. Aos 16 anos, já liderava o grupo Lactosamba, que marcou presença em grandes eventos como Sarau du Brown e ensaios da Timbadala. Além de cantor, Rafa é compositor e tem diversos hits na voz de artistas como Bruno Cardoso, Léo Santana, Xandy, Márcio Victor. Sua assinatura está, inclusive, no novo repertório da Timbalada, na canção Sou Timbaleiro, composição dele, Buja Ferreira, Jorginho Barbosa e Brown.
FICHA TÉCNICA COLETIVA – TIMBALADA XXI
FIGURINOS: CONCEPÇÃO GERAL E STYLE – Almir Junior e Marcelo Gomes
ARTE / COSTUMIZAÇÃO – Fagner Bispo
ADEREÇOS DE CABEÇA – Luiz Valasco
MAKE UP E HAIR – Ricardo Brandão
CAMARIM – Equipe Ana Paim
FOTOGRAFIA – Estúdio Gato Louco
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